domingo, 11 de setembro de 2011

Doce de amora e uma história



Fui às amoras com o meu marido à mata do meu pai foi uma experiência deliciosa, apesar dos arranhões que trouxemos nos braços. Ainda conseguimos apanhar 1 kg de amoras que resultaram em doce. Foi uma viagem ao passado também. Que me veio à cabeça essa história...

Era uma vez um menino e uma menina que eram irmãos e apesar do menino ser mais velho 7 anos entendiam bem. Como todos irmãos haviam dias que se entendiam melhores que outros, claro.
O mês de Setembro era o tempo da apanha das amoras e o menino gostava dessa aventura, mas preferia sempre partilhar com os amigos da sua idade. Mas para fazer a vontade à irmã que era mais novinha e não parava de lhe tirar o juízo, escolhia sempre um dia para a levar às amoras com ele.
Ele era muito habilidoso arranjava um pau comprido onde prendia na sua extremidade um prego que virava em forma de gancho para puxar as silvas mais altas cheias de amoras que não podia chegar. Ele levava sempre um balde  e a mana como era mais pequenas só levava uma saquinho.
Ela adorava ir pela mata a dentro procurar tesouros escondidos com cachos repletos deste fruto selvagem tão delicioso. Ela sabia que as amoras não eram para ser comidas ao natural, eram para a mãe fazer doce para comerem durante o inverno e levar barrado em fatias de pão caseiro para os lanches da escola. Mas ela não resistia e quando apanhava o mano distraído lá metia duas ou três na boca. Quase sempre era descoberta, porque quando abria a boca para falar estava roxa da cor das amoras.
- Olha ali umas bem grandes!  dizia ela.
- Ó Susana assim a comeres amoras nunca mais enchemos o balde! - dizia ele incapaz de se zangar com ela.
Hoje quando como o doce de amora lembro-me sempre ti.
Que saudades mano. Só tenho pena de não ter tido mais oportunidades dessas contigo.
Nunca mais me esquecerei de ti.
Esse doce é em tua memória...


Ingredientes:

1 kg de amoras
750 g de açucar mascavado
250 ml de água

Fiz assim:

Deitei todos os ingredientes num tacho ao lume. Deixei cozer mexendo de vez em quando. Quando começou a ficar consistente retirei e passei a varinha mágica para desfazer as amoras maiores.
Retirei um pouco para um pires e fiz o teste do ponto de estrada. Deitei o doce em frascos esterilizados, fechei e virei ao contrário para fazer vácuo natural.






Deu-me para dois frascos e meio. O meio já se acabou!

Espero que tenham gostado da sugestão.

Beijinhos

16 comentários:

  1. Que maravilha!!!Umas memórias tão queridas...Até sabe diferente esse doce...

    Bjoka
    Rita

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  2. Também gosto muito de doce de amoras. Adorei as tuas lembranças.

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  3. Hoje foi a tua vez de me fazeres chorar. Um beijo muito grande.

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  4. Não chorei como a Ilídia mas estou emocionada. Que bom teres doces lembranças do teu mano. Um grande beijinho com saudades.

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  5. eu tb era como tu mas eu nao chegava a casa pois ja nao havia ninhuma a minha avo fazia um bolo muito bo com elas quando havia claro obrigada por me fazeres lembrar esta parte de minha vida beijnhos e bom domingo

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  6. Que memórias boas para acalmar a saudade...o doce ficou lindo! bjinho

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  7. Neste dia em que se relembra o 9/11, tiveste a lembrança para, e perante o mundo virtual, vir expor uma história, que da qual faço parte e que também me deixa perturbado.
    Soubeste escolher a coroa certa para ser colocada no memorial daquele que da simplicidade fazia modo de vida, e que do nada fazia tudo para dar ao próximo.
    Que a qualidade, deste requintado doce de amoras, possa pelo menos fazer imaginar o futuro que não se viveu, ao ser degustado com uma qualquer fatia de pão.
    Quanto aos arranhões e picos, são comparáveis aos altos e baixos que a vida nos apresenta no dia a dia e dependendo da sua profundidade levaram mais, ou menos tempo a sarar.
    O choro também é visto como um sentimento de dor, e se para aqueles que não viveram esta história também lacrimejam, nós que a vivemos para além do lacrimejo fica a saudade.
    Onde quer que estejas mano da Susana, um abraço do tamanho de todas as amoras deste mundo.

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  8. É a maravilhosa capacidade de lembrar que por tantas vezes nos aquece o coração e nos conforta a alma.

    Beijinho

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  9. Todos os anos vou às amoras com o meu Sarinho, é um género de tradição desde que começámos a namorar.
    O teu doce ficou com um aspecto excelente. ;)
    Beijocas

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  10. Susana que linda esta real história de uma apanha de amoras com o mano, é bom recordar de quem realmente nos toca no coração.

    Beijinho grande

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  11. Ficou lindo o teu doce, e certamente bem melhor devido às boas recordações que traz!

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  12. Olá Susana,
    como eu adoro amoras silvestres! Quando estive em Angra do Heroísmo vi várias pessoas a apanhar amoras no monte Brasil. Até eu comecei a apanhar!
    Adorei o teu doce a tua história.
    Um beijinho.

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  13. Que linda história, Susana!
    Adorei o doce e as recordações...
    Um beijinho grande,
    Cristina

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  14. Susana, depois de passar por algo bem parecido, e após 13 anos sei bem que é saudade de um irmão!!
    Um beijo e um abracinho minha kida, emocionaste-me

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  15. Amiga, um abraço muito apertado xo Diana

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  16. Obrigada a todas pelo carinho que demonstraram nos vossos comentários. Obrigada a todas.

    Beijinhos cheios de amizade.

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